domingo, 5 de março de 2017


Artigo sobre a arte de Dina Garcia do mestre Narlan Matos, Ph.D Professor de cultura brasileira no Montgomery College, MD Dr. Narlan Matos ( doutor pela Universidade de Illinois, nos USA, uma das 10 maiores:
A CELEBRAÇÃO DA VIDA E DAS CORES
Sua clara influência de Frida Khalo não se perfazia uma mácula, uma sombra, mas sim uma sombra luminosa colorida, coada e adicionada de ricas impurezas, impregnada de vida, do dia-a-dia de lavradores e personagens comuns do Recôncavo baiano, do sertão. A arte de Dina Garcia é uma dinamite de pigmentos, um entroncamento de linguagens e conteúdos diversos, que convergem na direção de uma pintura maior. Saliento, aqui, que, enquanto Kahlo era lírica, girando muito em torno de sua tragédia pessoal, Dina Garcia, além de lírica, insere sua obra dentro de uma épica coletiva. Há uma confluência com a tradição da pintura latino-americana, inclusive com temas sociais, como é o caso de seus lavradores, vendedores de bananas, etc. Estão presentes a denúncia social, a condição do homem, a mulher, a sensualidade, a sociedade agrária, a natureza, a crônica urbana e quotidiana, além de muitos outros.

Dina Garcia é herdeira da melhor tradição de 1922, aquela que diz o homem e sua cultura através das formas e cores. A pintura modernista abriu caminho para a liberdade e o experimentalismo, temas não-acadêmicos, sobretudo aqueles relacionados ao quotidiano, à vida comum. As gerações subsequentes se distanciaram daquela tradição para não repeti-la ou por não conhecê-la. No entanto, este afastamento foi radical demais, impelindo muitos pintores à condição de caricatura de artistas. Lembrando que muitos dos pintores de 1922 eram nascidos em fazendas de café no interior do Brasil e traziam consigo, naturalmente, a força da natureza – a luz - que todo verdadeiro artista deve possuir, mesmo quando duvida.

Comumente, tem-se ressaltado as influências do fovismo, cubismo e expressionismo na obra de Dina Garcia – e, de fato, são bastante evidentes. Entretanto, há que se adicionar que sua linguagem também está relacionada a fenômenos mais contemporâneos como o comics – e mesmo ao ready made, ambos relacionados à pós-modernidade – o que equilibra a arte de Garcia, equalizando tradição e modernidade. Algumas de suas pinturas me lembram uma página de uma revistinha em quadrinhos. Todavia, é uma página de quadrinhos com um toque de uma mão artística magistral. Seu colorido impressiona e cativa, aliado à irregularidade das formas. Há, por trás de suas cores fortes e alegres, de suas formas irregulares – consciente ou inconscientemente - um discurso sócio-político-antropológico que se liga ao da grande tradição da Semana de Arte Moderna, de 1922, com Tarsila do Amaral, Portinari e Di Cavalcanti. As arestas que um crítico atento perceberá, aqui e ali, certamente o tempo – e a idade-experiência - se encarregarão de aperfeiçoar.

E pintor baiano dos bons é pura poesia pau-brasil, tipo exportação… A obra dela já começa a circular internacionalmente, participando de exposições nos EUA e na Europa… Vida longa, Dina Garcia!

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